sábado, 29 de dezembro de 2007

Acordar com um sorriso

“ Metade dos nossos erros nascem do facto de sentirmos quando devíamos pensar e pensarmos quando devíamos sentir.” (J. Collins)

Dizem que a vida é injusta e que choras até adormecer, quem me dera estar ao teu lado para te consolar e apoiar-te sempre que precisares. Por mais longínquo que o horizonte te possa parecer mantém esse sorriso lindo que tens e vais ver que a vida também te sorrirá.
Devemos sentir intensamente tudo o que vivemos, mas por vezes em vez de usarmos o coração devemos pensar racionalmente. Há pessoas que por e simplesmente baralham estas duas maneiras de estar, devemos sentir ou pensar? Depende da situação, mas se formos fiéis a nós próprios não enganamos ninguém. Porém por mais que queiramos impor sentimento em tudo o que fazemos não podemos usá-lo em certas situações. Porque se o fizermos cometemos enganos que dificilmente poderemos remediar. A vida é um jogo e nela se destacam aqueles que sabem como jogar. O adversário apresenta-se feroz mas nós temos de ser mais fortes e vence-lo, normalmente só o vencemos porque usamos a lógica e agimos friamente. Mas em relação ao mundo dos afectos quem age racionalmente perde toda a jogada. Há pessoas que não sabem partilhar um sentimento e que levam a vida com base na arrogância e no distanciamento. Essas pessoas podem vencer profissionalmente mas no seio familiar falham irremediavelmente, sem nunca conseguirem demonstrar um gesto mais afectuoso.
Seria óptimo que em vez de chorares até adormecer houvesse uma mão que te consolasse e que te fizesse acordar de manhã com um sorriso e com mais coragem de enfrentar a vida.

sábado, 22 de dezembro de 2007

Entre a luz e as trevas

“ Um pouco de luz vence muitas trevas.” (Paul Claudel)

Todos temos uma luz algures, ela torna-se visível e brilhante quando agimos com determinação e coragem.
Entre a luz e as trevas cá vou eu seguindo a minha estrada que não pode ser feita por mais ninguém senão por mim. Cada passo é dado com dúvidas mas quando sou invadida por um raio de sol tudo parece mais claro e seguro. Na escuridão da noite também pode haver uma estrela que me guie se a sua luz for brilhante e intensa.
Assim como as folhas e as ramificações de uma árvore nos podem dificultar de ver o sol, os obstáculos que surgem na nossa vida por mais que tentem tirar o seu brilho, há sempre uma luz dentro de nós que nos permite ver o que há de mais recôndito. E desvendar o mistério da vida e assim vivê-la na sua plenitude.
Por mais emaranhada e confusa que esteja a teia é sempre possível ver brechas. Há que desbravar as suas ramificações, mais cuidado com a luz que nos pode ofuscar e impossibilitar de ver coisa alguma. Temos de ser cautelosos e agir com sabedoria para não sermos também agarrados pelas teias.
Quando estivermos em apuros há que recorrer ao grito. Que este grito seja ouvido nas mais profundas trevas e plante a semente do sonho que acredita que há sempre uma luz que nos acompanha por mais escuro que o momento possa parecer.

O prazer de correr atrás do vento

“Ter saudades do passado é correr atrás do vento.” (Provérbio russo)

Decididamente não podemos esquecer o passado, ele faz parte de nós, não há fuga possível. Ele preenche uma parcela do que somos hoje. Contudo há sempre momentos que gostamos de recordar, são esses momentos que devem ser perpetuados. Mas com um certo distanciamento, para não confundir o passado com o presente. Há pessoas que vivem o presente só a pensar no passado, essas pessoas não sabem o que é viver, estagnaram e estão perdidas no tempo. Agarradas a recordações de que se não conseguem libertar, o presente para elas não faz sentido, quanto mais o futuro, este apresenta-se uma incógnita. Estas pessoas correm atrás do vento sem nunca conseguir agarrá-lo, obviamente.
Por vezes o passado pode nos ter sido cruel, mas devemos atirar para o fundo do poço aquilo que realmente nos magoou e seguir a vida em frente. Aprender a sorrir nos momentos difíceis é uma virtude.
Por vezes também gosto de correr atrás do vento, aquela brisa que nos embala e que comprova que realmente estamos vivos. É um prazer sentir que existimos e que fazemos parte deste mundo, mesmo que a nossa entrega seja uma gota no oceano, há pessoas que nos valorizam pelo o que somos e são essas pessoas que merecem a nossa partilha.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

O sonho


Esta noite sonhei que estava numa floresta, parecia um filme de animação, as árvores formavam-se à medida que eu ia avançando, as flores cresciam em sintonia com os sons dos pássaros, a minha própria personagem estava transfigurada, neste sonho eu tinha 6 anos e andava perdida em plena floresta. Quando repentinamente uma brisa provocou a deslocação do meu olhar e fiquei na dúvida de qual o caminho a seguir, escolher o trajecto mais curto, que toda a gente escolheu ou pelo contrário seguir o mais longo, mas soberbo, onde só alguns tiveram o privilégio de o percorrer. Nesse momento fez-se luz e um ímpeto de vontade fez-me escolher o caminho mais longo. À medida que o ia percorrendo encontrei personagens que fizeram parte da minha infância, eu conseguia vê-las mas elas não me viam, a minha vontade foi interagir, mas não havia reciprocidade, tinha entrado num mundo de sonho que pertencia ao passado. Infelizmente não havia nada que pudesse modificar, apenas podia ver e recordar com mais clareza o meu passado mais remoto e consolidar as minhas raízes. Gravei estas imagens nas mais profundezas do meu ser, para me darem força num presente casual e num futuro promissor.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Aceita uma sugestão

Quando te vais só penso no momento de te voltar a encontrar. Lamechas! Eu sei, mas é verdadeiro, precisamos um do outro como a manteiga precisa do pão. Era para ter graça?! Lamento desiludir-te mas se estás a tentar escrever algo profundo com piada, tira o cavalinho da chuva, as tuas metáforas são umas verdadeiras calúnias que por e simplesmente não funcionam. O que eu concluo é que estás a tentar relativizar o que sentes para não sofreres. Talvez seja um meio interessante, precisa é de ser mais explorado.
O que fizeste comigo? Tínhamos uma vida invejável de meter qualquer um no chinelo. Lá estás tu, ainda não percebeste que essa analogia está despropositada, tira todo o sentimento que parecias demonstrar.
Tudo o que vejo faz lembrar-me de ti. Mas estás apaixonada? Caramba há formas mais directas de se dizer que se ama alguém. Mas eu sei, tens a mania, subiu-te algo à cabeça e pensas que és uma poetisa e que tens de romancear tudo o que sentes, para seres bem sucedida. Achas tu! Amigos, amigos, deixa-me que te diga que o caminho não é por aí. E como eu sou teu amigo tento alertar-te para as comparações ridículas e dar-te um empurrão, não para caíres do escadote mas para desceres até à terra e veres a realidade de um patamar mais credível e aceitável.

sábado, 15 de dezembro de 2007

Lutar pelo fim da indiferença

Sempre que tento mudar o rumo da minha vida, há sempre algo ou alguém que o impede. Sinto-me tão pequena quando tento fazer algo por mim. Mas a verdade é que já fiz coisas incríveis que nem eu nem ninguém pensava que se pudessem realizar. Ao apanhar as pessoas desprevenidas parece que o prazer é maior. Agir pala calada da noite pode trazer muitas vantagens do que quando avisamos previamente. Não precisamos de contar tudo o que se passa na nossa vida, se abrirmos o jogo e pusermos todas as cartas na mesa, ficamos sem trunfos para usar mais tarde quando o momento for mais propício. Tudo tem princípio, meio e fim, temos de começar pelo princípio e não quer logo chegar ao fim. Para atingi-lo temos de trabalhar arduamente e o seu término surgirá naturalmente.
A vida é feita de ciclos quando termina um surge imediatamente outro. Não podemos desistir, por muito mau que seja um ciclo, esse fecha-se para dar lugar a outro.
No meu entender a dor que deixa ferida é menor do que a dor de uma ausência. Não há pior sentimento que a indiferença. Quando nos magoam frente a frente assumimos a dor e até criamos defesas para resisti-la, mas quando essa dor é manifestada pela ausência de uma palavra bate muito mais forte e pode deixar sequelas para toda a vida.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

A luz na escuridão


"Aquele que se perde é que encontra novos caminhos."(Nils Kjaer)

Liberta o que trazes dentro, o que de mais te inquieta, só assim poderás sentir uma liberdade imensurável, em que os limites começam e acabam em ti. E assim partir para o outro de uma forma despojada, concretizada numa entrega agora sem parâmetros. As leis deixaram de estar em vigor, a vigorar passou a estar o sentimento, o afecto e a entrega.
Saí logo pela manhã à procura do que é certo, deixei para trás tudo o que me fazia sentir mal, corri pelas ruas estreitas, dei voltas e voltas, recuos e avanços cada vez mais certa do que procurava. Mas a verdade é que me perdi na imensidão da escuridão da noite. Apanhei um táxi e fui até Agramonte à procura em vão pela alma da minha avó, perdida entre os ciprestes e a chuva não dei pelo jazigo.
A minha avó sempre foi uma referência para mim, uma estaca pela qual eu crescia sem medos. Quando me sinto mais abalada agarro-me à força que a minha avó sempre me transmitiu. Uma mulher de aço com convicções fortes que sempre me serviu de exemplo.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

A voz do silêncio

Corro atrás de um destino ainda não delineado, mas meu. Um destino desprovido de cinismos e falsidades. Ando atrás de um fado que atenue o meu passado cruel.
Ponho os olhos no presente, com a mente no futuro, esquecendo o passado. Vou levando o dia-a-dia numa constante roda-viva. Por mais voltas que ela dê, por vezes é preciso pará-la e equilibrá-la. O que não é tarefa fácil. Dá-me um tempo e espaço e eu conseguirei encontrar um equilíbrio que tanto anseio.
A minha vida corre num fio da navalha, por mais voltas que ela dê, o presente é um risco e o futuro é incerto e indefinido.
Tudo o que eu quero é viver intensamente e quebrar com a monotonia do quotidiano. Para tal não paro, produzir é a palavra de ordem. Só assim consigo prever um futuro mais risonho. Produzir algo que parta de mim mas que vá ao encontro de alguém que se reveja nas minhas palavras. E que complete as frases inacabadas e que consiga pôr-se na minha pele e perceber o que me vai na alma. Preciso de receptores críticos, que façam com que a minha obra evolua. Não quero estagnar os meus pensamentos em mim própria, quero partilhá-los. Que a minha voz se faça ouvir. A voz ou a sua ausência, o silêncio poderá ser personificado nas montagens que sobrevivem da imagem. A imagem poderá conter muitas mais palavras e provocar sentimentos que um prosaico texto. O que pretendo será uma simbiose entre as duas partes. Que o texto vá ao encontro da imagem ou vice-versa.
A ilustração poderá ser o processo a atingir e que esse meio seja sustentado por um conceito que esteja por trás a enriquecer a imagem.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

O passeio


Numa tarde de Verão fomos até ao parque da cidade, embalados pela vontade e iludidos pela crença que nos unia. Caminhamos de mãos dadas e saboreamos a brisa quente que se fazia sentir. Deitados à beira do lago contemplamos os patos nas constantes idas à água, ouvimos as flores e cheiramos os pássaros. Os sentidos são trocados porque o sentimento prevalece nesse momento. Sentimento já apagado pelo tempo e que não deixou sequelas.


Sentir que estamos vivos

"O sorriso que dás volta para ti próprio." (Provérbio indiano)

Ter o céu como meta, alcança-lo a todo o custo, perdida entre as nuvens e a escuridão da noite, saltando de estrela em estrela e repousar sobre a lua. Que esta fique cheia e ilumine a noite escura. Que a estrela do norte me guie num caminho para encontrar um paladar nunca antes saboreado. Quero fugir ao vazio, longe da guerra que nos domina e ir ao encontro do vazio agora preenchido por um sorriso fugaz mas sincero. Onde pára o meu sorriso? De que serve a gargalhada quando o momento não é propício, poderá quebrar o gelo e criar um ambiente menos constrangedor, a dor é atenuada mas não desaparece.
Tenho a alma destroçada de um sentimento profundo. Entregue a mim e ao meu mundo, persigo o que mais anseio, desesperadamente. Quero encontrar os passos apagados pelo mar, descobri que só eu poderei desenhar as pegadas na areia, as que estavam antes pertencem a um desconhecido. Haja força para recomeçar um caminho nunca antes desbravado, o da nossa vida. Esquece os paradigmas, o modelo és tu, só tu poderás percorrer a praia à beira mar, por vezes molhando os pés e sentir a água gelada e descobrir que estamos vivos. Mergulhada até ao pescoço, penso no melhor que a vida me deu e sou salva por um ímpeto de força
.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

O teu sorriso como horizonte

"Quando se quer atingir o cume da montanha, não se dá importância às pedras do caminho."

A falésia encontra-se a uma altura considerável, é rochosa e por isso de difícil acesso ao seu cume. Mas não nos podemos intimidar por estas características aparentemente difíceis.
Se o nosso objectivo é atingir o seu cume, porque lá se encontra o que tanto desejamos, temos de perder o medo e iniciar a escalada.
Uma parte da falésia é circundada por um mar bravo. A condicionante é que quando iniciarmos a viagem poderemos ser atingidos por uma onda violenta, e a missão cair por terra.
Se avaliarmos os pós e os contras desta aventura dificilmente a iniciaríamos. Mas a vida é um risco que vale a pena correr. Temos de ser determinados e seguir o nosso sonho. Por mais longínquo que ele se afigure, existem sempre brechas que nos permitem ver uma luz, que nos orienta e que contribui para a meta que tanto ambicionamos alcançar.
Há tanto tempo que não sei de ti.
Há um barco que me arrasta para o alto mar, para ir para o teu encontro.
“Ninguém disse que os dias eram nossos, ninguém prometeu nada, fui eu que julguei poder arrancar mais uma gargalhada.”
Essa tua boa disposição sempre me cativou, corro para ir ao encontro do teu sorriso. Parto sem medos, deslumbrada pela recordação que tenho tua, o fim parece mais perto quando o horizonte és tu.

domingo, 9 de dezembro de 2007

A virtude de saber ouvir

Solta no mais alto mar, num veleiro, sem destino, ando à deriva, perdida, sem saber onde é o norte, navego pela margem sem nome, onde as ondas me arrastam para o naufrágio. Será que é esse o meu destino, uma praia deserta, à beira mar desnorteada, sem saber para que lado ir. Entregue a mim própria, pois desconheço outra situação senão o contar unicamente comigo. O que já é uma garantia de sucesso, saber que se pode contar com a única pessoa que não nos desilude e é sempre fiel, a nossa identidade e saber que podemos contar connosco é uma mais valia. Por isso a viagem continua e por vezes quando encontramos um estranho e sem saber porquê desabafamos a nossa história, é alguém que nos ouve sem recriminações, simplesmente tem a capacidade que muita gente não tem, a de ouvir sem fazer uma única pergunta. Mas temos a sensação que essa pessoa está a prestar uma atenção desmesurada, por isso o nosso discurso fluí e tudo faz sentido porque o receptor é sem dúvida um bom ouvinte. Ter a capacidade de ficar calado quando a situação se proporciona, é sem dúvida uma grande virtude. Por vezes as pessoas pecam por falarem, quando a situação é inversa joga-se sempre à defesa e dificilmente alguém nos ataca.

sábado, 8 de dezembro de 2007

A procura incessante

Quero continuar à procura do que não encontro. Por mais que procure, o que mais anseio encontrar não aparece. É preciso persistir e nunca desistir. Quem desiste é fraco. A vida é feita de encontros e desencontros, às vezes temos o privilégio da partilha, por outro lado podemos viver a angústia de uma ausência. Temos é que saber contrabalançar a balança e gerir as nossas prioridades com bom senso.
Todo o lado positivo tem também o seu lado negativo, um não vive sem o outro, fazem parte do mesmo ser. Ninguém é perfeito e temos de dar graças a Deus por não o sermos, a vida seria um tédio, sem altos e baixos não se vive.
Por vezes a vida surpreende-nos e aquilo que prevíamos que acontecesse cai por terra e somos apanhados desprevenidos, sem armas para nos defendermos. Se conseguirmos a defesa sem o ataque, é preferível, só se for um ataque em legítima defesa. Se nos derem um estalo não devemos dar a outra face, como Cristo, mas sim mantermo-nos firmes na defesa para evitarmos o ataque.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Em busca de um futuro promissor

Ir à descoberta, sem limites e sem fronteiras, deixar-me flutuar por entre as nuvens e voar ao sabor do vento. Descobrir o que ainda não foi explorado, ser a pioneira de uma aventura sem término. Não há início nem fim, deixar-me ir sem pensar no final da jornada, sem perder o prazer de uma viagem. O gozo está precisamente nas contrariedades e os ventos menos favoráveis que possam surgir, saber contorná-los, é aí que assenta o nosso mérito. Saber atingir o cume da montanha exige empenho e árduo trabalho, mas saber descê-la também. É preciso não ir aos trabalhões e mantermo-nos de pé, se tropeçarmos e cairmos, a vida dá-nos outra oportunidade e teremos de seguir o caminho de cabeça erguida. A vida é um processo de recuos e avanços, para se dar um passo à frente, às vezes é preciso dar um atrás. Se tivermos de admitir um erro é preferível, só assim poderemos progredir, ter a humildade de o reconhecer, poderá ser um trunfo que terá utilidade mais tarde. Aí assenta o sentido da nossa humilde existência. Darmos valor ao “erro” significa destacarmos aquilo que supostamente era posto de lado, mas a mais valia é que aprendemos com o erro, daí a sua inegável importância. E quando nos apontam um erro não devemos reagir mal mas sim agradecer e fazer um esforço para não o voltar a cometer. Existem pessoas que passam a vida a cometer os mesmos erros, essas pessoas estagnaram, a vida para elas parou e não há progressão possível. Temos de dar o devido mérito àquelas que assumem e percebem a razão porque erraram, a vida para estas apresenta-se risonha e com um futuro promissor.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Aprender +

"Se encontrares um caminho sem obstáculos, pensa que talvez não te leve a nenhum lugar."

A cultura nunca fez mal a ninguém. Andamos nesta vida numa contínua aprendizagem, só assim poderemos crescer e sermos alguém.
O reconhecimento virá por acréscimo, aparecerá sem darmos por ele. E quando surge a reacção é sem dúvida uma satisfação. Mas por outro lado há pessoas que reagem muito mal perante o êxito, sentem-se incapazes de comportar tanta felicidade, outros ficam sem reacção, simplesmente apáticas. Mas na maior parte dos casos o que vinga é a excitação, as noites tornam-se longas e o cérebro parece não parar. Produzir parece a palavra de ordem e queremos sempre mais. Mais e mais sem limites nem horizontes. A meta a atingir aparece-nos desfocada à primeira vista, mas quando somos recompensados, tudo parece mais claro e perceptível. Há uma retribuição expressa que nos mantêm firmes para continuarmos na estrada. O caminho faz-se percorrendo. E cabe a nós seguir a estrada com os pés bem assentes na terra e com a cabeça presa ao corpo. Sem interferências, nem divagações, entregues unicamente aos nossos princípios morais. Tendo em mente que o caminho nem sempre é enfrente, nem óbvio, temos de ter cuidado com as tentações, há pessoas que nos põe pedras no caminho, é preciso contorná-las, sem nunca cair, nem tropeçar. A estrada poderá estar toda minada, para desactivar a mina temos de ter astúcia para descortinar o seu paradeiro, para podermos prosseguir. Nem toda a estrada é plana, por vezes surgem-nos montanhas difíceis de subir, mas só serenos valentes se a subirmos sozinhos e sem ajudas de terceiros.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

O amor-próprio

“Só existe um amor que aguenta tudo. É fiel, tem sempre a mesma força e dura toda a vida, é o amor-próprio.”

Quem não tem amor-próprio não consegue fazer a ponte para o outro. Fica sempre na corda bamba, sem saber o rumo a tomar. O caminho a seguir torna-se uma incerteza, para que lado ir?! Surge a contingência da escolha. Continuar agarrado às origens ou explorar novos caminhos e assim descobrir o inesperado.
A vida é uma aventura e cabe a nós embarcá-la com afinco e certezas. Para tal é preciso ter auto estima. Quem a tem aguenta as adversidades que aparecem à frente e combate-as com garras e dentes. Só assim se adquire sucesso em todas as vertentes, profissional, pessoal e social.
Um amor forte e fiel e que dura a vida inteira só pode ser o amor-próprio. Por mais aventuras amorosas que tenhamos, há sempre o risco de acabarem mais cedo ou mais tarde, são acontecimentos efémeros que deixam a sua marca também para a vida inteira. Ou seja não deixa de ser um momento marcante mas breve. Um sopro pode ser entendido como uma brecha de esperança, como um sinal de vida que pretende alcançar quem nós queremos afincadamente. Há sempre uma réstia de crença por mais ínfima que seja. Temos de cuidar do nosso amor-próprio, ergue-lo sem vergonhas e assumi-lo com orgulho.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

A súlpica

“Liberta o grito que trazes dentro mesmo que traga alguma dor. Não percas tempo, o tempo corre só quando dói é devagar.” (Mafalda Vega)

"Nunca acendas um fogo que não possas apagar."
(Provérbio Chinês)

Todos nós temos um lume acesso dentro de nós. E por vezes apetece deitá-lo cá para fora, as chamas encarnadas num grito podem incendiar tudo à nossa volta, mas houve uma vontade muito forte e que superou qualquer estado de apatia. Mais vale deitar cá para fora do que deitar lenha para o lume que temos dentro de nós. Uma explosão para o exterior é muito mais saudável, graves são as expulsões internas que só nos bloqueia e não resolvem nada. Mais ninguém nos ouve para além de nós próprios, enquanto que um grito ecoado para um túnel poderá ter percussões nunca antes imaginadas, é ter um retorno positivo. Uma súplica, um pedido de socorro pode ser ouvido e retribuído com o intuito de nos ajudar. O eco poderá ser da nossa própria voz mas também pode ser um retorno vivo em direcção à nossa alma. Um alerta, um aviso de como estamos vivos e queremos permanecer vivos por muitos e muitos anos. Um hino à vida é aqui declamado e aclamado com aplausos incessantes. Há que fazer pela vida, ir à luta da nossa autonomia, quebrar com as regras, reinventar novas condutas e apostar na diferença.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

O espreitar

Acordar de manhã, abrir as persianas que costumam estar fechadas durante a semana, deixar entrar os raios de sol e espreitar para a vizinha do lado a estender a roupa, pode ser considerado um acto banal mas não, é um acto que faz toda a diferença. Durante a semana vivo na escuridão, mas ao fim-de-semana tudo parece diferente e mais risonho. Apetece-me abraçar tudo e todos, a minha disponibilidade para os outros é total. É triste viver a semana a pensar na sexta-feira à noite. Mas é uma realidade minha e de muito gente. Mas o que acontece de mágico e revelador é que ao fim-de-semana há vontade de fazer coisas que dêem mais alento à nossa existência. Eu tenho sempre de produzir, sentir-me útil, só assim vivo em paz comigo e isso reflecte-se na minha relação com os outros. Porque tenho sempre algo de novo para mostrar, ouvir críticas boas ou más, venham elas, só assim o meu trabalho pode evoluir.

A luz e a sombra


"Não há razão para termos medo das sombras. Apenas indicam que em algum lugar próximo brilha a luz." (Ruth Renkel)

O gosto pela vida tem de ser cultivado por nós e regado todos os dias. Temos de fazer o que nos dá alento para continuarmos cá com o propósito de afirmar-mos que existimos que queremos contribuir para a existência do outro. A vida só faz sentido quando algo se complementa e une. A relação com os outros também tem de ser regada e exposta ao sol, que os raios de sol sejam projectados nas sombras mais sombrias e recônditas do nosso ser e que essa sombra seja equilibrada por um raio forte de sol. A vida é feita de contrastes de luz e sombra, tudo está interligado. Uma não vive sem a outra. Tudo o que parece positivo tem também o seu lado menos bom. A vida é feita de compensações, resta ao comum dos mortais tentar encontrar um equilíbrio.
O passado já passou e não encontro o presente. Onde estou? Pertenço a uma realidade intemporal, não estou confinada a um tempo ou a um espaço, faço parte de mim própria, não tenho designação social, para mim o código social é indecifrável. Vivo um mundo à parte, onde tudo é possível, onde criei o meu próprio código e que só alguns conseguem decifrá-lo.
Quero dar uma sequência lógica às imagens da minha vida, por mais que tente tudo está muito desorganizado, por isso escrevo, pinto, fotografo, uso todas as técnicas ao meu alcance para poder ter uma visão mais real e positiva de uma vida que parecia não ter mais sentido.
A arte poderá ser um exorcismo saudável, há uma libertação do caos interior e uma tentativa de o organizar, exorcizando tudo o que temos cá dentro.
Só é artista, aquele que tiver algo para transmitir.

domingo, 25 de novembro de 2007

A busca da paz interior

“Se não conseguirmos encontrar contentamento em nós próprios. É inútil procurá-lo noutro lado.”

A força está dentro de nós, é inútil procurá-la noutro lado. É por isso que quero que me deixem em paz, estou à procura da minha força interior sem interferências. Preciso isolar-me, será que não percebem uma realidade tão simples. Finalmente adquiri uma autonomia que me permite abstrair das tentações. Preciso de concentrar-me em mim própria para poder reconhecer o outro com mais clareza. A busca de mim é constante. Deixem-me descobrir sozinha o meu próprio poder que parece escondido nas mais profundas águas. Que venha á tona o meu interior. Estou farta de ser fria e distante. A vida foi-me cruel, o que não quer dizer que eu faça o mesmo com a vida dos outros. Mas se eu não conheci a felicidade como poderei provocar isso mesmo nas pessoas? Desconheço por completo os parâmetros que regem a felicidade, o que não significa que provoque nos outros todo o mal pelo qual eu passei. Temos de saber contornar os obstáculos e encontrar os atalhos para atingir o que tanto ambicionamos. Neste momento o que eu mais quero é Paz. Quando estamos sozinhos e sabemos saborear a paz quer dizer que estamos bem connosco, nem tudo parece mal como no início. A paz interior é um princípio que podemos aplicar no dia-a-dia na relação com os outros. Temos de parar de ser desconfiados e dar crédito às pessoas que nos cercam. Chega de cepticismos, há que dar hipótese às pessoas que nunca pensaríamos dar uma oportunidade. Se queres que te dêem uma oportunidade dá tu o primeiro passo. Não estejas sempre à espera que seja o outro a tomar a primeira atitude. Tem que permanecer uma reciprocidade mútua para haver uma real partilha.

Um espectáculo nunca antes visto

Temos de realizar tarefas que nos dêem prazer, só assim seremos bem sucedidos. Quando nos entregamos de corpo e alma, o resultado só pode ser positivo. Nesse momento o público levanta-se e aplaude e nós simplesmente agradecemos fazendo uma vénia. E preciso muito pouco para que isso aconteça. A vida é feita de momentos que pautam, dão ritmo e nos orientam para a felicidade. A felicidade nunca é eterna mas podemos desfrutar de momentos fugazes de felicidade. Quando nos abrimos e confiamos nos outros, é um sinal de entrega, poderá ser uma forma de manifestar amadurecimento mas por outro lado a ingenuidade poderá estar presente. O outro é sempre um desconhecido para nós, até o nosso próprio irmão nos pode surpreender, nunca conhecemos a 100% as pessoas, por vezes deparamo-nos com as mais improváveis manifestações. As pessoas nunca deixam de nos surpreender. Há sempre um lado recôndito, uma faceta desconhecida que não está visível aos olhos comuns. A experiência é que desvenda e revela o que está por detrás da cortina. Para que a cortina suba e sejamos apanhados desprevenidos por um espectáculo nunca antes visto é preciso estar imune, desprendido e liberto das mais cruéis mentalidades. Para fazermos parte de um verdadeiro espectáculo é urgente que o actuemos da mesma forma que viemos ao mundo, sem artifícios e máscaras. A vida já é um teatro, que pelo menos uma vez na vida tenhamos atitudes dignas que nos possamos orgulhar um dia.
Nos dias de hoje os valores estão invertidos; o que para mim poderá ser válido e justo para o meu vizinho pode ser exactamente o contrário. E ainda bem que não pensamos todos da mesma maneira. Mas a verdade é que permanece um antagonismo, uma divergência que nos afasta para campos opostos e rivais. E por vezes a vitória não é dos mais fortes mas daqueles que têm pobreza de espírito, que usam a batota e andam a ver passar as marchas sem tomar uma atitude digna.

Em busca da visão possível

Para que o lume continue aceso é preciso continuar a por lenha na fogueira. Para que a luz continue a brilhar é preciso permanecer à tona e sair da escuridão do poço. É urgente emergir e dar a cara por aquilo que acreditamos. Por em prática tudo aquilo que aprendemos dando assim mais sentido à existência. E o que é a existência? Eu existo, tu existe, nós não existimos. Vivemos mundos paralelos que não se cruzam. Por mais que tentemos mudar os conceitos da geometria e converter duas linhas paralelas em duas linhas diagonais que se cruzam num ponto, essa união é só mental porque na prática não se concretiza.
A minha vontade é virar tudo de pernas para o ar, dar uma reviravolta na semântica e alterar o real significado dos conceitos e impor o significado que para mim tem mais lógica.
Cabe ao comum dos mortais orientar a sua vida de uma forma que ela faça mais sentido. Podemos adaptarmo-nos mas nunca acomodarmo-nos. A diferença está dentro de nós, por mais que a procuremos no exterior, será uma missão em vão, mesmo impossível. Os outros só existem porque existimos primeiro. Não é uma questão de egoísmo mas de lógica. Para reconhecermos o outro temos de dar por nós na primeira instância. Eu só te vejo se tiver olhos para te ver. Ver poderá ser um princípio, como diria o poeta: “Eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura.” Ver não é a mesma coisa que olhar, ver implica uma observação detalhada. Um olhar direccionado que nos permite ter uma visão crítica sobre as coisas. E é a forma como elaboramos a crítica que nos permite alcançar a diferença. Um espírito aberto e liberto de preconceitos procura novos conceitos para atingir a verdade.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Partir para a outra margem

“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore, dance, ria e viva intensamente antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.” (Shakespeare)

A vida é um palco onde os actores não têm hipótese de ensaiar. Entram em cena de imediato, em que a capacidade de improvisação é valorizada; no fundo se nos deixarmos levar e agirmos com naturalidade e não fugirmos de nós próprios, os aplausos surgirão ferozmente. Mas quando a ausência de aplausos acontecer, há que manter a cabeça erguida e continuar em cena. A vida nem sempre nos recompensa por mais que merecêssemos. Há pessoas que não reconhecem o nosso valor por mais provas que dermos. A inveja é terrível, ninguém sofre mais que uma pessoa invejosa, mas essa pessoa sofre merecidamente. Há que combater esse sentimento atroz e realçar o que realmente há de mais interessante numa pessoa e tirar o seu devido partido.
Por outro lado a tolerância poderá ser uma qualidade, mas qualquer tolerância tem os seus limites. Na maior parte das vezes somos mais tolerantes connosco e perdoamos tudo, com os outros não perdoamos nada. Temos de agir com os outros da mesma forma que gostaríamos que agissem connosco. Eu sei que é difícil pormo-nos no outro lado da margem, mas se quisermos atingir a meta temos de atravessar a ponte e assim ter a visão contrária à nossa e perceber o outro ponto de vista do nosso adversário. Só assim poderemos perceber melhor a nossa posição. Pensar como o outro agiria é uma estratégia para perceber o nosso plano de ataque.

Abaixo a mentira

"A verdade nunca é injusta; pode magoar, mas não deixa ferida."
(Eduardo Girão)

A verdade acima de tudo, não tenho tolerância para a mentira. Atingi o limite! Não quero estar próxima de pessoas que mentem descaradamente; que não pensam nos meios para atingirem os fins. São capazes de passar por cima de tudo e de todos só para que a sua vontade prevaleça. São pessoas egoístas e egocêntricas, acham que o mundo gira à volta delas e assim exigem continuamente. Há que fazer parar essas pessoas, são uma praga que tem de ser combatida com urgência. Essas pessoas gostam que lhes encham o ego, pois bem, a indiferença poderá ser um princípio.
As mentiras deixam feridas que nunca saram, ao contrário da verdade que por vezes pode magoar, mas nunca deixa ferida.
Não se pode perdoar de ânimo leve. “O perdão raramente é uma decisão repentina. É sim uma longa e lenta marcha.” Perdoar exige muito de nós, a predisposição é quase nula, só quando as coisas são assumidas e esclarecidas. Quando há um arrependimento expresso, de outra forma é impossível perdoar.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Girar em torno das oportunidades

“Acreditar em algo e não o viver é desonesto” (Gaudhi)

De que é feita a vida? De sonhos que acreditamos que se irão realizar um dia. Se não dermos asas à imaginação e não continuarmos a sonhar, a verdade é que não se concretizam. O facto de imaginarmos algo já é um passo para a sua realização, temos é de ir à luta e fazer com que o nosso sonho se torne realidade. De facto é uma desonestidade acreditar em algo e não o viver com garras e dentes. A vida é composta por só dois dias e um dia é somente para acordar e dar sentido à nossa existência, quando no segundo dia a vivemos.
Temos poucas oportunidades, mas quando elas surgem temos de apanhá-las no ar e girar em torno delas, contorná-las e concebê-las já não somente na nossa mente mas também na prática. Não nos podemos enganar, temos de ser honestos e vivermos em paz com a serenidade que ambicionamos.

domingo, 18 de novembro de 2007

A finalidade da arte

“A finalidade da arte é dar corpo à essência secreta das coisas, não é copiar a sua aparência.” (Aristóteles)

A arte não se resume a representar a realidade tal qual ela nos apresenta. Cabe ao artista captar a sua essência, o que de mais profundo existe nessa realidade. E como se descobre a sua essência? Para já é preciso ter uma sensibilidade apurada e depois cabe ao artista captar, o que na sua visão se diferencia do qualquer dos mortais.
Ninguém vê a realidade da mesma forma, mas o que distingue um artista de um homem do senso comum, é que aquele possui à partida um talento inato e à posteriori uma visão particular, poética e única.
Um rápido esboço pode conter a alma do objecto representado. Não interessa aqui o resultado final mas sim o processo através do qual se atingiu o fim. Por vezes torna-se mais interessante esses esboços primários do que a obra final. Porque os rascunhos demonstram a procura incessante do conteúdo essencial do objecto. Da sua essência secreta, que não está visível aos olhos comuns. Nem por vezes dos artistas, é preciso muito trabalho, não serve apenas o talento. O artista para conseguir apurar o essencial foi preciso estudar e compreender o todo. Para obter as linhas puras que definem a simplificação e a expressão escondidas do objecto, que por vezes são de difícil acesso.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

A felicidade


É a ironia da vida, uns ficam pelo caminho sem nunca terem pertencido à estrada. Pela periferia, perdidos algures têm a ilusão que o caminho é em frente, mas esquecem-se que existem atalhos para atingirem a felicidade. A felicidade está dentro de nós, aquela é determinada pelas escolhas que fazemos na vida. Tudo parte de nós, fazemos a cama onde nos deitamos, não há fuga possível.
“ A felicidade não está no fim da jornada, e sim em cada curva do caminho que percorremos para encontrá-la”.


quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Imaginação intemporal

O que é o tempo? É algo imaterial e fugaz. Que se vai esgotando à medida que os anos passam. Por momentos podemos regressar à infância e reviver o passado, invertendo assim o tempo.
Como está o tempo? Pergunta irrelevante, o tempo meteorológico é secundário mas o tempo que partilhamos com alguém é sagrado e intemporal. Há que saber tirar partido dos momentos intensos que pautam e dão ritmo à nossa vida. E ter a capacidade de os reviver na nossa mente de uma forma saudável e não prejudicial. Por vezes temos tendência para quer mais do que aquilo que temos. É uma tendência legítima mas tem de ser combatida para o nosso próprio bem.
Temos de preservar as nossas energias e reencaminhá-las para o que realmente interessa. Investir naquilo que nos dá prazer, dar o máximo nas tarefas que fazem a diferença. Apostar em hobbies que quebrem com a rotina do quotidiano. Que a monotonia seja vencida e dê vitória aos rasgos de criatividade. Há que saber utilizar a imaginação, levando assim uma vida mais relaxada. Uma pessoa quando é criativa, soluciona as dificuldades de uma forma inesperada e imprevisível, obtendo assim resultados surpreendentes. Há que apostar na diferença mas nunca fugindo de nós próprios. A diferença está dentro de nós, só nos resta aplicá-la no momento oportuno, conseguindo assim resultados mais que satisfatórios.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

O acto que não deveria ser público

Sempre mexeu comigo aquelas pessoas que estão na paragem do autocarro agarradas ao corta unhas. É no mínimo nojento e demonstra a falta de educação e civismo. É como fumar em restaurantes, o fumo pode incomodar, mas por outro lado o fumar é encarado como acto social, agora cortar as unhas em público está longe de ser um momento que se deve partilhar publicamente.

O prazer da escrita


O acto da escrita só pára quando atingimos um planalto de satisfação. Mas só pára momentaneamente, porque quando outro texto é iniciado, este só acabará quando esse prazer acontecer. Ou seja, um ciclo vicioso permanece, mas não no sentido negativo, escrever poderá ser entendido como um desabafar de estados de espíritos, poderá até ser considerado um acto libertador e nunca castrador. E então quando a escrita flúi com facilidade, o prazer surge num abrir e fechar de olhos. Ao reler cada um dos textos várias vezes, confrontámo-nos com a nossa personalidade e até percebemos melhor o que nos vai na alma.


O sentido da arte


A arte de cada um poderá ser reconhecida e compreendida pelo mais comum dos mortais. Aos nossos olhos parece tudo muito claro, mas quando exibimos o que de mais profundo que temos cá dentro torna-se indecifrável. Os códigos simbólicos e estéticos não estão ao alcance do senso comum. Mas às vezes a mensagem mais simples não é atingida pelo mais culto dos homens. Ás vezes não é o conteúdo que prevalece mas o sentimento que depositamos naquilo que criamos. Desde que a pintura provoque alguma reacção ou pela conjugação de cores ou dos grafismos, o que realmente interessa é inquietar consciências. Quando uma obra nos é indiferente não vale a pena depositar os nossos olhos sobre ela. Porque jamais a compreenderíamos. Mas se pelo contrário nos faz parar, aí sim vale a pena debruçarmo-nos; e tentar compreender os nossos sentimentos mais íntimos sobre aquela obra que não nos foi indiferente mas pelo contrário possibilitou-nos ver a luz ao fundo do túnel. Aí provamos que estamos despertos e sensíveis ao que nos rodeia. Acordamos com um novo rumo, com uma nova orientação para seguir enfrente.
A vida está repleta de sinais, temos é de abrir os olhos e ajustá-los à nossa problemática existencial. Existem pistas por todo o lado, nos locais mais inexplicáveis, mas se as descobrimos foi porque essa pista, precisamente essa, fez sentido para nos descobrimos no meio do nada. Mas de que é feita a vida? É feita de “pequenos nadas”. Esses “pequenos nadas” fazem parte do quotidiano e são quebrados pela carga poética que depositamos neles. A arte é feita de poesia, às vezes poderá não fazer sentido nenhum mas quando atingimos a poesia de uma obra de arte, nesse momento descobrimos o seu real significado. E assim a vida avança ferozmente, assim com a cultura de um povo.


domingo, 11 de novembro de 2007

O encontro feliz da descoberta

“A vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros na vida.” (Vinicius de Moraes)

"Um sorriso significa muito. Enriquece quem o recebe, sem empobrecer quem o oferece; dura apenas um segundo, mas a sua recordação, por vezes nunca se apaga."

A vida é feita de encontros e desencontros. Cabe a nós perpetuar os encontros e tirar partido dos desencontros. Há sempre algo de positivo num relacionamento fugaz, por mais breve que ele seja. Um gesto, um olhar, um sorriso, podem ser efémeros mas ficam gravados na nossa mente uma vida inteira. Às vezes um desencontro pode marcar mais que um encontro infeliz. Quando algo não acontece realmente, a nossa capacidade de fantasiar pode ser incrível ao ponto de sonhar e colmatar a falha da ausência. O que não pode acontecer é levarmos a vida a pensar naquilo que não aconteceu mas tirar partido do que realmente fez parte integrante da nossa vida. E que nos fez crescer e aprender. No fundo, há que amadurecer com os encontros e tirar o máximo partido e fazer desse cruzamento uma arte. Uma arte que nos eleva e dá resposta à nossa existência.
E o que define arte? Arte poderá ser um olhar, uma expressão, uma visão crítica sobre determinado assunto que nos inquieta e interroga e que queremos aprofundar, dando assim mais razões à nossa vida. Funciona com um meio de atingir um fim. O meio através do qual descobrimos a essência da problemática que questionamos. E o fim poderá ser encarnado o encontro feliz da descoberta.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Que seja uma boa colheita

“Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma.” (Francisco Buarque de Holanda)

Estar frase de Xico Buarque ilustra exactamente o que sinto, eu realmente perdi-me de mim própria e ando à procura em vão pela minha alma. Estou perante a solidão que me invade e penetra de uma forma cruel. Gostava de ver uma luz ao fundo do túnel, uma luz reveladora, de um sinal, por mais pequeno ou quase insignificante que fosse, mas algo que eu pudesse agarrar com unhas e dentes e assim dar mais sentido à minha existência.
A dúvida existencial persiste, o que faço neste mundo? Eu acho que cada um de nós deve a sua existência a uma missão. Mas qual é a minha missão? Não será a de todos nós?! Descobrimo-nos a nós próprios e com esse trunfo entregarmo-nos a quem nos merece. Surge outra questão: como saber que nos merece? É uma pergunta pertinente. Partimos às escuras para um universo recôndito e misterioso, onde somente alguns poderão descortinar se realmente vale a pena partirmos para tal aventura. Saber distinguir o real do fictício requer experiência. As pessoas enganam e as aparências iludem. A entrega exige precaução, aquela nunca poderá ser total mas parcial e se possível imparcial. Sem preconceitos nem antecedentes, que só nos poderão afastar da pessoas a quem nos entregamos. Que essa ínfima parcela seja partilhada de uma forma verdadeira. Pode parecer pouco, mas se for bem intencionada poderemos receber da mesma forma que damos, algo muito mais superior do que algum dia imaginávamos. E o contentamento é maior quando não estamos à espera de receber. Há uma maior entrega, uma real partilha e uma dialéctica interactiva. Nesse momento duas mentes cruzaram-se e geraram confiança uma na outra. A troca de ideias e de experiências de vida é deveras saudável e devem ser aprofundadas.
O cultivo da entrega e da troca de aprendizagem implica uma plantação cuidada, com todos os tratamentos necessários e se possível com uma estaca, pela qual a “entrega” poderá crescer e dar frutos. Todos nós precisamos de uma estaca pela qual crescemos com mais certezas e solidez. Mas um dia a estaca desaparecerá e teremos de crescer sozinhos. E é nesse momento que a vida nos faz um teste, será que somos capazes de sobreviver ás mais terríveis tempestades? Se nos mantivermos de pé já é um sinal de amadurecimento e os frutos poderão ser colhidos. Que seja uma boa colheita e que os frutos seja saboreados de uma forma intensa e que o seu paladar se perpetue.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

O teatro da vida

O “erro” perturba-me de uma forma assustadora, nunca gostei de errar e nunca errei tanto como agora. Talvez por estar numa fase em que tudo me passa ao lado. Predomina em mim um sentimento de desinteresse que me preocupa imenso. Gostava de voltar a sentir intensamente tudo por igual, sem fazer diferenças. Gostava de achar tudo interessante, mas à minha frente afigura-se um retrato negro da sociedade. Uma realidade transfigurada e cínica, onde os actores usam máscaras e agem de forma já estudada. O teatro da vida chega até nós de uma forma assustadora, é por isso que também me apetece assustar usando eu própria também uma máscara. Mas cheguei à conclusão que por mais máscaras que use não deixo de ser eu própria na minha plenitude.
Não consigo ser cínica, nem enganar ninguém, o meu mal é ser demasiado verdadeira e honesta comigo e com os outros.

Bloco de notas

Escrever estimula-me, faz-me usar o raciocínio. Ao ponto de me sentir cansada, mas o vício da escrita prevalece e desperta-me. Não quero dormir, não quero adormecer o pensamento no vale dos lençóis. Hoje o aconchego do ninho fica para 2º plano. Estou desperta, acordei para a vida. Descobri ou redescobri o gosto pela escrita. Ao desabafar neste caderno, onde as folhas quadriculadas abarcam e segmentam a minha escrita, talvez para impor uma ordem que há muito desejava, mas que só hoje se fez sentir de uma forma mais acentuada. Que as letras reunidas em palavras formem um horizonte mais risonho, que as folhas quadriculadas não compartimentem o pensamento, este deve ser livre de regras. O pensamento não deverá ser imposto mas deverá correr livremente nas nossas mentes mais despertas. Há que despertar o que há de mais recôndito. Há que partilhar não só com o caderno quadriculado, mas também com alguém que nos leve ao colo e nos console nos momentos mais dolorosos.Que as folhas quadriculadas não seja um espartilho para quem nelas escreve, mas orientem graficamente as frases e a lógica do pensamento. Quero dar asas à imaginação e transpor a rigidez de uma simples folha de papel para algo mais subjectivo como o sentimento e o gesto de estar a partilhar este preciso momento contigo: bloco de notas, que me acompanha nos momentos mais desesperantes, em que a urgência da escrita prevalece.

Haja o que houver

Quando ouço Madredeus penso nas horas perdidas a estudar matemática. Quando o fim seria arquitectura. Tempo de ilusão, onde nada se perdeu e tudo se transformou em algo que se perpetuou no futuro. Aversão completa aos números. Gostava de aprofundar esta relação difícil, mas acho que seria um desperdício de tempo.
A música sempre foi uma companhia nos tempos de estudante. Aliás só me conseguia concentrar ao som de algo ritmado, em que a sonoridade entra no ouvido sem pensarmos no que estamos a ouvir, a música instala-se mas não perturba, faz companhia e ajuda no raciocínio. A minha relação com a música sempre foi intensa. E ajudou-me a superar fases difíceis na minha vida. Quando ouço algo musical que me anima consigo abstrair-me e elevar-me para um sítio, que só eu conheço e onde só eu determino quem quero que faça parte deste momento.
A música pode ser uma fonte de inspiração, ao seguir um ritmo, o nosso raciocínio, por um lado segue uma determinada orientação lógica, mas por outro desvirtua-se da racionalidade para algo muito mais sobrenatural onde as emoções reinam e a sensibilidade se faz sentir.
Haja o que houver, já dizia a Teresa Salgueiro, a música perpetua-se no dia-a-dia de uma forma preponderante e afirmativa. Sendo um ingrediente fundamental para a nossa sanidade mental. Para o bem da humanidade haja música onde quer que estejamos, felizes ou tristes, que a música prevaleça!

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Missão cumprida!

A passagem por Belas Artes foi sem dúvida marcante. Uma passagem marcada pelo árduo trabalho. Trabalho inglório ou não?! Tenho as minhas dúvidas. Foi sem dúvida demorado e teve as suas consequências. Fui obrigada a crescer sem estacas e sem espartilhos. Uma rebeldia desenfreada. Cresci de uma forma onde a libertinagem reinava. Onde eu própria tinha de descobrir o rumo a seguir, ás vezes sem nenhuma orientação, entregue a mim própria. Comigo mesma descobri caminhos ainda não explorados que foram ao meu encontro.
Defini um estilo, uma maneira peculiar, crítica de ver as coisas. Reinventei-me de uma forma criativa e original. No meu trabalho era visível a minha personalidade, alucinatória e desconcertante, mas verdadeira e honesta.
Quando faço uma colagem despejo tudo o que sinto cá dentro, é uma forma de exorcismo, mas um exorcismo saudável, que nos transporta para um nível de satisfação de dever cumprido. E é essa satisfação que sinto pela passagem em Belas Artes, missão cumprida de cabeça erguida.

A redoma

Os barulhos que me cercam são constantes, gostava de ter momentos de paz. Tudo bate de uma forma que me aprisiona. Presa a mim própria vou levando a vida de uma forma egoísta. Gostava de a partilhar com as pessoas, aprender de novo o gesto nobre da partilha. Vivo dentro de mim, deixem-me sair da redoma de vidro, bato no vidro mas ninguém me acode! Realmente vivo na redoma, onde todos me podem ver mas não me podem tocar, estou farta de estar na montra. Quero saltar cá para fora e fazer parte da realidade que me cerca. Mas acho que só o consigo com ajuda. Haja uma alma caridosa que me acuda. Preciso de uma orientação concreta para o problema que me desgasta. Ajudem-me a seguir um rumo diferente na minha vida. Isto é um apelo sincero que surge com urgência. Dêem-me a mão, não quero seguir a estrada sozinha. Acho que nem tenho forças de seguir o caminho, já não preciso de uma mão, mas sim de dois braços para me levarem ao colo.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Abram alas, deixem-me passar…

Encontrar palavras para descrever o que sinto, sinto um vazio. Gostava de preencher esse vazio e é talvez a escrever. Escrever poderá ser um processo através do qual eu possa expressar o que sinto. E o que é sentir? Eu sinto tudo de uma forma que não consigo expressar, sinto-me presa a mim própria, quero libertar-me mas não consigo. O colete de forças está muito apertado desta vez. Se antes sentia as coisas de uma forma intensa, agora perdi essa faculdade. Parece-me tudo indiferente. Onde vou buscar forças para voltar a sentir, tudo perdeu sentido!
A sala de isolamento está à minha espera, eu quero ir para lá mas tenho medo de ser um caminho sem retorno.
Abram alas, deixem-me passar por aquelas portas altas, onde o tecto parece não ter fim. Os murmúrios, os gritos e a desconfiança parecem reinar de uma forma tão preponderante.
Quero chegar até mim sem interferências. Deixem-me sozinha por favor! Será que esta minha tendência para o isolamento é positiva? Há momentos na vida que só entregues a nós próprios podemos resolver os nossos problemas mais íntimos.
Abram alas, deixem-me ultrapassar o sub nível onde a ironia, o cinismo parece prevalecer, mas infelizmente é a realidade que nos cerca. Quero antes passar para um supra nível, onde ninguém poderá alcançar-me. Onde poderão ver-me mas não me poderão tocar.