quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Aprender +

"Se encontrares um caminho sem obstáculos, pensa que talvez não te leve a nenhum lugar."

A cultura nunca fez mal a ninguém. Andamos nesta vida numa contínua aprendizagem, só assim poderemos crescer e sermos alguém.
O reconhecimento virá por acréscimo, aparecerá sem darmos por ele. E quando surge a reacção é sem dúvida uma satisfação. Mas por outro lado há pessoas que reagem muito mal perante o êxito, sentem-se incapazes de comportar tanta felicidade, outros ficam sem reacção, simplesmente apáticas. Mas na maior parte dos casos o que vinga é a excitação, as noites tornam-se longas e o cérebro parece não parar. Produzir parece a palavra de ordem e queremos sempre mais. Mais e mais sem limites nem horizontes. A meta a atingir aparece-nos desfocada à primeira vista, mas quando somos recompensados, tudo parece mais claro e perceptível. Há uma retribuição expressa que nos mantêm firmes para continuarmos na estrada. O caminho faz-se percorrendo. E cabe a nós seguir a estrada com os pés bem assentes na terra e com a cabeça presa ao corpo. Sem interferências, nem divagações, entregues unicamente aos nossos princípios morais. Tendo em mente que o caminho nem sempre é enfrente, nem óbvio, temos de ter cuidado com as tentações, há pessoas que nos põe pedras no caminho, é preciso contorná-las, sem nunca cair, nem tropeçar. A estrada poderá estar toda minada, para desactivar a mina temos de ter astúcia para descortinar o seu paradeiro, para podermos prosseguir. Nem toda a estrada é plana, por vezes surgem-nos montanhas difíceis de subir, mas só serenos valentes se a subirmos sozinhos e sem ajudas de terceiros.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

O amor-próprio

“Só existe um amor que aguenta tudo. É fiel, tem sempre a mesma força e dura toda a vida, é o amor-próprio.”

Quem não tem amor-próprio não consegue fazer a ponte para o outro. Fica sempre na corda bamba, sem saber o rumo a tomar. O caminho a seguir torna-se uma incerteza, para que lado ir?! Surge a contingência da escolha. Continuar agarrado às origens ou explorar novos caminhos e assim descobrir o inesperado.
A vida é uma aventura e cabe a nós embarcá-la com afinco e certezas. Para tal é preciso ter auto estima. Quem a tem aguenta as adversidades que aparecem à frente e combate-as com garras e dentes. Só assim se adquire sucesso em todas as vertentes, profissional, pessoal e social.
Um amor forte e fiel e que dura a vida inteira só pode ser o amor-próprio. Por mais aventuras amorosas que tenhamos, há sempre o risco de acabarem mais cedo ou mais tarde, são acontecimentos efémeros que deixam a sua marca também para a vida inteira. Ou seja não deixa de ser um momento marcante mas breve. Um sopro pode ser entendido como uma brecha de esperança, como um sinal de vida que pretende alcançar quem nós queremos afincadamente. Há sempre uma réstia de crença por mais ínfima que seja. Temos de cuidar do nosso amor-próprio, ergue-lo sem vergonhas e assumi-lo com orgulho.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

A súlpica

“Liberta o grito que trazes dentro mesmo que traga alguma dor. Não percas tempo, o tempo corre só quando dói é devagar.” (Mafalda Vega)

"Nunca acendas um fogo que não possas apagar."
(Provérbio Chinês)

Todos nós temos um lume acesso dentro de nós. E por vezes apetece deitá-lo cá para fora, as chamas encarnadas num grito podem incendiar tudo à nossa volta, mas houve uma vontade muito forte e que superou qualquer estado de apatia. Mais vale deitar cá para fora do que deitar lenha para o lume que temos dentro de nós. Uma explosão para o exterior é muito mais saudável, graves são as expulsões internas que só nos bloqueia e não resolvem nada. Mais ninguém nos ouve para além de nós próprios, enquanto que um grito ecoado para um túnel poderá ter percussões nunca antes imaginadas, é ter um retorno positivo. Uma súplica, um pedido de socorro pode ser ouvido e retribuído com o intuito de nos ajudar. O eco poderá ser da nossa própria voz mas também pode ser um retorno vivo em direcção à nossa alma. Um alerta, um aviso de como estamos vivos e queremos permanecer vivos por muitos e muitos anos. Um hino à vida é aqui declamado e aclamado com aplausos incessantes. Há que fazer pela vida, ir à luta da nossa autonomia, quebrar com as regras, reinventar novas condutas e apostar na diferença.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

O espreitar

Acordar de manhã, abrir as persianas que costumam estar fechadas durante a semana, deixar entrar os raios de sol e espreitar para a vizinha do lado a estender a roupa, pode ser considerado um acto banal mas não, é um acto que faz toda a diferença. Durante a semana vivo na escuridão, mas ao fim-de-semana tudo parece diferente e mais risonho. Apetece-me abraçar tudo e todos, a minha disponibilidade para os outros é total. É triste viver a semana a pensar na sexta-feira à noite. Mas é uma realidade minha e de muito gente. Mas o que acontece de mágico e revelador é que ao fim-de-semana há vontade de fazer coisas que dêem mais alento à nossa existência. Eu tenho sempre de produzir, sentir-me útil, só assim vivo em paz comigo e isso reflecte-se na minha relação com os outros. Porque tenho sempre algo de novo para mostrar, ouvir críticas boas ou más, venham elas, só assim o meu trabalho pode evoluir.

A luz e a sombra


"Não há razão para termos medo das sombras. Apenas indicam que em algum lugar próximo brilha a luz." (Ruth Renkel)

O gosto pela vida tem de ser cultivado por nós e regado todos os dias. Temos de fazer o que nos dá alento para continuarmos cá com o propósito de afirmar-mos que existimos que queremos contribuir para a existência do outro. A vida só faz sentido quando algo se complementa e une. A relação com os outros também tem de ser regada e exposta ao sol, que os raios de sol sejam projectados nas sombras mais sombrias e recônditas do nosso ser e que essa sombra seja equilibrada por um raio forte de sol. A vida é feita de contrastes de luz e sombra, tudo está interligado. Uma não vive sem a outra. Tudo o que parece positivo tem também o seu lado menos bom. A vida é feita de compensações, resta ao comum dos mortais tentar encontrar um equilíbrio.
O passado já passou e não encontro o presente. Onde estou? Pertenço a uma realidade intemporal, não estou confinada a um tempo ou a um espaço, faço parte de mim própria, não tenho designação social, para mim o código social é indecifrável. Vivo um mundo à parte, onde tudo é possível, onde criei o meu próprio código e que só alguns conseguem decifrá-lo.
Quero dar uma sequência lógica às imagens da minha vida, por mais que tente tudo está muito desorganizado, por isso escrevo, pinto, fotografo, uso todas as técnicas ao meu alcance para poder ter uma visão mais real e positiva de uma vida que parecia não ter mais sentido.
A arte poderá ser um exorcismo saudável, há uma libertação do caos interior e uma tentativa de o organizar, exorcizando tudo o que temos cá dentro.
Só é artista, aquele que tiver algo para transmitir.

domingo, 25 de novembro de 2007

A busca da paz interior

“Se não conseguirmos encontrar contentamento em nós próprios. É inútil procurá-lo noutro lado.”

A força está dentro de nós, é inútil procurá-la noutro lado. É por isso que quero que me deixem em paz, estou à procura da minha força interior sem interferências. Preciso isolar-me, será que não percebem uma realidade tão simples. Finalmente adquiri uma autonomia que me permite abstrair das tentações. Preciso de concentrar-me em mim própria para poder reconhecer o outro com mais clareza. A busca de mim é constante. Deixem-me descobrir sozinha o meu próprio poder que parece escondido nas mais profundas águas. Que venha á tona o meu interior. Estou farta de ser fria e distante. A vida foi-me cruel, o que não quer dizer que eu faça o mesmo com a vida dos outros. Mas se eu não conheci a felicidade como poderei provocar isso mesmo nas pessoas? Desconheço por completo os parâmetros que regem a felicidade, o que não significa que provoque nos outros todo o mal pelo qual eu passei. Temos de saber contornar os obstáculos e encontrar os atalhos para atingir o que tanto ambicionamos. Neste momento o que eu mais quero é Paz. Quando estamos sozinhos e sabemos saborear a paz quer dizer que estamos bem connosco, nem tudo parece mal como no início. A paz interior é um princípio que podemos aplicar no dia-a-dia na relação com os outros. Temos de parar de ser desconfiados e dar crédito às pessoas que nos cercam. Chega de cepticismos, há que dar hipótese às pessoas que nunca pensaríamos dar uma oportunidade. Se queres que te dêem uma oportunidade dá tu o primeiro passo. Não estejas sempre à espera que seja o outro a tomar a primeira atitude. Tem que permanecer uma reciprocidade mútua para haver uma real partilha.

Um espectáculo nunca antes visto

Temos de realizar tarefas que nos dêem prazer, só assim seremos bem sucedidos. Quando nos entregamos de corpo e alma, o resultado só pode ser positivo. Nesse momento o público levanta-se e aplaude e nós simplesmente agradecemos fazendo uma vénia. E preciso muito pouco para que isso aconteça. A vida é feita de momentos que pautam, dão ritmo e nos orientam para a felicidade. A felicidade nunca é eterna mas podemos desfrutar de momentos fugazes de felicidade. Quando nos abrimos e confiamos nos outros, é um sinal de entrega, poderá ser uma forma de manifestar amadurecimento mas por outro lado a ingenuidade poderá estar presente. O outro é sempre um desconhecido para nós, até o nosso próprio irmão nos pode surpreender, nunca conhecemos a 100% as pessoas, por vezes deparamo-nos com as mais improváveis manifestações. As pessoas nunca deixam de nos surpreender. Há sempre um lado recôndito, uma faceta desconhecida que não está visível aos olhos comuns. A experiência é que desvenda e revela o que está por detrás da cortina. Para que a cortina suba e sejamos apanhados desprevenidos por um espectáculo nunca antes visto é preciso estar imune, desprendido e liberto das mais cruéis mentalidades. Para fazermos parte de um verdadeiro espectáculo é urgente que o actuemos da mesma forma que viemos ao mundo, sem artifícios e máscaras. A vida já é um teatro, que pelo menos uma vez na vida tenhamos atitudes dignas que nos possamos orgulhar um dia.
Nos dias de hoje os valores estão invertidos; o que para mim poderá ser válido e justo para o meu vizinho pode ser exactamente o contrário. E ainda bem que não pensamos todos da mesma maneira. Mas a verdade é que permanece um antagonismo, uma divergência que nos afasta para campos opostos e rivais. E por vezes a vitória não é dos mais fortes mas daqueles que têm pobreza de espírito, que usam a batota e andam a ver passar as marchas sem tomar uma atitude digna.

Em busca da visão possível

Para que o lume continue aceso é preciso continuar a por lenha na fogueira. Para que a luz continue a brilhar é preciso permanecer à tona e sair da escuridão do poço. É urgente emergir e dar a cara por aquilo que acreditamos. Por em prática tudo aquilo que aprendemos dando assim mais sentido à existência. E o que é a existência? Eu existo, tu existe, nós não existimos. Vivemos mundos paralelos que não se cruzam. Por mais que tentemos mudar os conceitos da geometria e converter duas linhas paralelas em duas linhas diagonais que se cruzam num ponto, essa união é só mental porque na prática não se concretiza.
A minha vontade é virar tudo de pernas para o ar, dar uma reviravolta na semântica e alterar o real significado dos conceitos e impor o significado que para mim tem mais lógica.
Cabe ao comum dos mortais orientar a sua vida de uma forma que ela faça mais sentido. Podemos adaptarmo-nos mas nunca acomodarmo-nos. A diferença está dentro de nós, por mais que a procuremos no exterior, será uma missão em vão, mesmo impossível. Os outros só existem porque existimos primeiro. Não é uma questão de egoísmo mas de lógica. Para reconhecermos o outro temos de dar por nós na primeira instância. Eu só te vejo se tiver olhos para te ver. Ver poderá ser um princípio, como diria o poeta: “Eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura.” Ver não é a mesma coisa que olhar, ver implica uma observação detalhada. Um olhar direccionado que nos permite ter uma visão crítica sobre as coisas. E é a forma como elaboramos a crítica que nos permite alcançar a diferença. Um espírito aberto e liberto de preconceitos procura novos conceitos para atingir a verdade.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Partir para a outra margem

“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore, dance, ria e viva intensamente antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.” (Shakespeare)

A vida é um palco onde os actores não têm hipótese de ensaiar. Entram em cena de imediato, em que a capacidade de improvisação é valorizada; no fundo se nos deixarmos levar e agirmos com naturalidade e não fugirmos de nós próprios, os aplausos surgirão ferozmente. Mas quando a ausência de aplausos acontecer, há que manter a cabeça erguida e continuar em cena. A vida nem sempre nos recompensa por mais que merecêssemos. Há pessoas que não reconhecem o nosso valor por mais provas que dermos. A inveja é terrível, ninguém sofre mais que uma pessoa invejosa, mas essa pessoa sofre merecidamente. Há que combater esse sentimento atroz e realçar o que realmente há de mais interessante numa pessoa e tirar o seu devido partido.
Por outro lado a tolerância poderá ser uma qualidade, mas qualquer tolerância tem os seus limites. Na maior parte das vezes somos mais tolerantes connosco e perdoamos tudo, com os outros não perdoamos nada. Temos de agir com os outros da mesma forma que gostaríamos que agissem connosco. Eu sei que é difícil pormo-nos no outro lado da margem, mas se quisermos atingir a meta temos de atravessar a ponte e assim ter a visão contrária à nossa e perceber o outro ponto de vista do nosso adversário. Só assim poderemos perceber melhor a nossa posição. Pensar como o outro agiria é uma estratégia para perceber o nosso plano de ataque.

Abaixo a mentira

"A verdade nunca é injusta; pode magoar, mas não deixa ferida."
(Eduardo Girão)

A verdade acima de tudo, não tenho tolerância para a mentira. Atingi o limite! Não quero estar próxima de pessoas que mentem descaradamente; que não pensam nos meios para atingirem os fins. São capazes de passar por cima de tudo e de todos só para que a sua vontade prevaleça. São pessoas egoístas e egocêntricas, acham que o mundo gira à volta delas e assim exigem continuamente. Há que fazer parar essas pessoas, são uma praga que tem de ser combatida com urgência. Essas pessoas gostam que lhes encham o ego, pois bem, a indiferença poderá ser um princípio.
As mentiras deixam feridas que nunca saram, ao contrário da verdade que por vezes pode magoar, mas nunca deixa ferida.
Não se pode perdoar de ânimo leve. “O perdão raramente é uma decisão repentina. É sim uma longa e lenta marcha.” Perdoar exige muito de nós, a predisposição é quase nula, só quando as coisas são assumidas e esclarecidas. Quando há um arrependimento expresso, de outra forma é impossível perdoar.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Girar em torno das oportunidades

“Acreditar em algo e não o viver é desonesto” (Gaudhi)

De que é feita a vida? De sonhos que acreditamos que se irão realizar um dia. Se não dermos asas à imaginação e não continuarmos a sonhar, a verdade é que não se concretizam. O facto de imaginarmos algo já é um passo para a sua realização, temos é de ir à luta e fazer com que o nosso sonho se torne realidade. De facto é uma desonestidade acreditar em algo e não o viver com garras e dentes. A vida é composta por só dois dias e um dia é somente para acordar e dar sentido à nossa existência, quando no segundo dia a vivemos.
Temos poucas oportunidades, mas quando elas surgem temos de apanhá-las no ar e girar em torno delas, contorná-las e concebê-las já não somente na nossa mente mas também na prática. Não nos podemos enganar, temos de ser honestos e vivermos em paz com a serenidade que ambicionamos.

domingo, 18 de novembro de 2007

A finalidade da arte

“A finalidade da arte é dar corpo à essência secreta das coisas, não é copiar a sua aparência.” (Aristóteles)

A arte não se resume a representar a realidade tal qual ela nos apresenta. Cabe ao artista captar a sua essência, o que de mais profundo existe nessa realidade. E como se descobre a sua essência? Para já é preciso ter uma sensibilidade apurada e depois cabe ao artista captar, o que na sua visão se diferencia do qualquer dos mortais.
Ninguém vê a realidade da mesma forma, mas o que distingue um artista de um homem do senso comum, é que aquele possui à partida um talento inato e à posteriori uma visão particular, poética e única.
Um rápido esboço pode conter a alma do objecto representado. Não interessa aqui o resultado final mas sim o processo através do qual se atingiu o fim. Por vezes torna-se mais interessante esses esboços primários do que a obra final. Porque os rascunhos demonstram a procura incessante do conteúdo essencial do objecto. Da sua essência secreta, que não está visível aos olhos comuns. Nem por vezes dos artistas, é preciso muito trabalho, não serve apenas o talento. O artista para conseguir apurar o essencial foi preciso estudar e compreender o todo. Para obter as linhas puras que definem a simplificação e a expressão escondidas do objecto, que por vezes são de difícil acesso.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

A felicidade


É a ironia da vida, uns ficam pelo caminho sem nunca terem pertencido à estrada. Pela periferia, perdidos algures têm a ilusão que o caminho é em frente, mas esquecem-se que existem atalhos para atingirem a felicidade. A felicidade está dentro de nós, aquela é determinada pelas escolhas que fazemos na vida. Tudo parte de nós, fazemos a cama onde nos deitamos, não há fuga possível.
“ A felicidade não está no fim da jornada, e sim em cada curva do caminho que percorremos para encontrá-la”.


quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Imaginação intemporal

O que é o tempo? É algo imaterial e fugaz. Que se vai esgotando à medida que os anos passam. Por momentos podemos regressar à infância e reviver o passado, invertendo assim o tempo.
Como está o tempo? Pergunta irrelevante, o tempo meteorológico é secundário mas o tempo que partilhamos com alguém é sagrado e intemporal. Há que saber tirar partido dos momentos intensos que pautam e dão ritmo à nossa vida. E ter a capacidade de os reviver na nossa mente de uma forma saudável e não prejudicial. Por vezes temos tendência para quer mais do que aquilo que temos. É uma tendência legítima mas tem de ser combatida para o nosso próprio bem.
Temos de preservar as nossas energias e reencaminhá-las para o que realmente interessa. Investir naquilo que nos dá prazer, dar o máximo nas tarefas que fazem a diferença. Apostar em hobbies que quebrem com a rotina do quotidiano. Que a monotonia seja vencida e dê vitória aos rasgos de criatividade. Há que saber utilizar a imaginação, levando assim uma vida mais relaxada. Uma pessoa quando é criativa, soluciona as dificuldades de uma forma inesperada e imprevisível, obtendo assim resultados surpreendentes. Há que apostar na diferença mas nunca fugindo de nós próprios. A diferença está dentro de nós, só nos resta aplicá-la no momento oportuno, conseguindo assim resultados mais que satisfatórios.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

O acto que não deveria ser público

Sempre mexeu comigo aquelas pessoas que estão na paragem do autocarro agarradas ao corta unhas. É no mínimo nojento e demonstra a falta de educação e civismo. É como fumar em restaurantes, o fumo pode incomodar, mas por outro lado o fumar é encarado como acto social, agora cortar as unhas em público está longe de ser um momento que se deve partilhar publicamente.

O prazer da escrita


O acto da escrita só pára quando atingimos um planalto de satisfação. Mas só pára momentaneamente, porque quando outro texto é iniciado, este só acabará quando esse prazer acontecer. Ou seja, um ciclo vicioso permanece, mas não no sentido negativo, escrever poderá ser entendido como um desabafar de estados de espíritos, poderá até ser considerado um acto libertador e nunca castrador. E então quando a escrita flúi com facilidade, o prazer surge num abrir e fechar de olhos. Ao reler cada um dos textos várias vezes, confrontámo-nos com a nossa personalidade e até percebemos melhor o que nos vai na alma.


O sentido da arte


A arte de cada um poderá ser reconhecida e compreendida pelo mais comum dos mortais. Aos nossos olhos parece tudo muito claro, mas quando exibimos o que de mais profundo que temos cá dentro torna-se indecifrável. Os códigos simbólicos e estéticos não estão ao alcance do senso comum. Mas às vezes a mensagem mais simples não é atingida pelo mais culto dos homens. Ás vezes não é o conteúdo que prevalece mas o sentimento que depositamos naquilo que criamos. Desde que a pintura provoque alguma reacção ou pela conjugação de cores ou dos grafismos, o que realmente interessa é inquietar consciências. Quando uma obra nos é indiferente não vale a pena depositar os nossos olhos sobre ela. Porque jamais a compreenderíamos. Mas se pelo contrário nos faz parar, aí sim vale a pena debruçarmo-nos; e tentar compreender os nossos sentimentos mais íntimos sobre aquela obra que não nos foi indiferente mas pelo contrário possibilitou-nos ver a luz ao fundo do túnel. Aí provamos que estamos despertos e sensíveis ao que nos rodeia. Acordamos com um novo rumo, com uma nova orientação para seguir enfrente.
A vida está repleta de sinais, temos é de abrir os olhos e ajustá-los à nossa problemática existencial. Existem pistas por todo o lado, nos locais mais inexplicáveis, mas se as descobrimos foi porque essa pista, precisamente essa, fez sentido para nos descobrimos no meio do nada. Mas de que é feita a vida? É feita de “pequenos nadas”. Esses “pequenos nadas” fazem parte do quotidiano e são quebrados pela carga poética que depositamos neles. A arte é feita de poesia, às vezes poderá não fazer sentido nenhum mas quando atingimos a poesia de uma obra de arte, nesse momento descobrimos o seu real significado. E assim a vida avança ferozmente, assim com a cultura de um povo.


domingo, 11 de novembro de 2007

O encontro feliz da descoberta

“A vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros na vida.” (Vinicius de Moraes)

"Um sorriso significa muito. Enriquece quem o recebe, sem empobrecer quem o oferece; dura apenas um segundo, mas a sua recordação, por vezes nunca se apaga."

A vida é feita de encontros e desencontros. Cabe a nós perpetuar os encontros e tirar partido dos desencontros. Há sempre algo de positivo num relacionamento fugaz, por mais breve que ele seja. Um gesto, um olhar, um sorriso, podem ser efémeros mas ficam gravados na nossa mente uma vida inteira. Às vezes um desencontro pode marcar mais que um encontro infeliz. Quando algo não acontece realmente, a nossa capacidade de fantasiar pode ser incrível ao ponto de sonhar e colmatar a falha da ausência. O que não pode acontecer é levarmos a vida a pensar naquilo que não aconteceu mas tirar partido do que realmente fez parte integrante da nossa vida. E que nos fez crescer e aprender. No fundo, há que amadurecer com os encontros e tirar o máximo partido e fazer desse cruzamento uma arte. Uma arte que nos eleva e dá resposta à nossa existência.
E o que define arte? Arte poderá ser um olhar, uma expressão, uma visão crítica sobre determinado assunto que nos inquieta e interroga e que queremos aprofundar, dando assim mais razões à nossa vida. Funciona com um meio de atingir um fim. O meio através do qual descobrimos a essência da problemática que questionamos. E o fim poderá ser encarnado o encontro feliz da descoberta.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Que seja uma boa colheita

“Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma.” (Francisco Buarque de Holanda)

Estar frase de Xico Buarque ilustra exactamente o que sinto, eu realmente perdi-me de mim própria e ando à procura em vão pela minha alma. Estou perante a solidão que me invade e penetra de uma forma cruel. Gostava de ver uma luz ao fundo do túnel, uma luz reveladora, de um sinal, por mais pequeno ou quase insignificante que fosse, mas algo que eu pudesse agarrar com unhas e dentes e assim dar mais sentido à minha existência.
A dúvida existencial persiste, o que faço neste mundo? Eu acho que cada um de nós deve a sua existência a uma missão. Mas qual é a minha missão? Não será a de todos nós?! Descobrimo-nos a nós próprios e com esse trunfo entregarmo-nos a quem nos merece. Surge outra questão: como saber que nos merece? É uma pergunta pertinente. Partimos às escuras para um universo recôndito e misterioso, onde somente alguns poderão descortinar se realmente vale a pena partirmos para tal aventura. Saber distinguir o real do fictício requer experiência. As pessoas enganam e as aparências iludem. A entrega exige precaução, aquela nunca poderá ser total mas parcial e se possível imparcial. Sem preconceitos nem antecedentes, que só nos poderão afastar da pessoas a quem nos entregamos. Que essa ínfima parcela seja partilhada de uma forma verdadeira. Pode parecer pouco, mas se for bem intencionada poderemos receber da mesma forma que damos, algo muito mais superior do que algum dia imaginávamos. E o contentamento é maior quando não estamos à espera de receber. Há uma maior entrega, uma real partilha e uma dialéctica interactiva. Nesse momento duas mentes cruzaram-se e geraram confiança uma na outra. A troca de ideias e de experiências de vida é deveras saudável e devem ser aprofundadas.
O cultivo da entrega e da troca de aprendizagem implica uma plantação cuidada, com todos os tratamentos necessários e se possível com uma estaca, pela qual a “entrega” poderá crescer e dar frutos. Todos nós precisamos de uma estaca pela qual crescemos com mais certezas e solidez. Mas um dia a estaca desaparecerá e teremos de crescer sozinhos. E é nesse momento que a vida nos faz um teste, será que somos capazes de sobreviver ás mais terríveis tempestades? Se nos mantivermos de pé já é um sinal de amadurecimento e os frutos poderão ser colhidos. Que seja uma boa colheita e que os frutos seja saboreados de uma forma intensa e que o seu paladar se perpetue.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

O teatro da vida

O “erro” perturba-me de uma forma assustadora, nunca gostei de errar e nunca errei tanto como agora. Talvez por estar numa fase em que tudo me passa ao lado. Predomina em mim um sentimento de desinteresse que me preocupa imenso. Gostava de voltar a sentir intensamente tudo por igual, sem fazer diferenças. Gostava de achar tudo interessante, mas à minha frente afigura-se um retrato negro da sociedade. Uma realidade transfigurada e cínica, onde os actores usam máscaras e agem de forma já estudada. O teatro da vida chega até nós de uma forma assustadora, é por isso que também me apetece assustar usando eu própria também uma máscara. Mas cheguei à conclusão que por mais máscaras que use não deixo de ser eu própria na minha plenitude.
Não consigo ser cínica, nem enganar ninguém, o meu mal é ser demasiado verdadeira e honesta comigo e com os outros.

Bloco de notas

Escrever estimula-me, faz-me usar o raciocínio. Ao ponto de me sentir cansada, mas o vício da escrita prevalece e desperta-me. Não quero dormir, não quero adormecer o pensamento no vale dos lençóis. Hoje o aconchego do ninho fica para 2º plano. Estou desperta, acordei para a vida. Descobri ou redescobri o gosto pela escrita. Ao desabafar neste caderno, onde as folhas quadriculadas abarcam e segmentam a minha escrita, talvez para impor uma ordem que há muito desejava, mas que só hoje se fez sentir de uma forma mais acentuada. Que as letras reunidas em palavras formem um horizonte mais risonho, que as folhas quadriculadas não compartimentem o pensamento, este deve ser livre de regras. O pensamento não deverá ser imposto mas deverá correr livremente nas nossas mentes mais despertas. Há que despertar o que há de mais recôndito. Há que partilhar não só com o caderno quadriculado, mas também com alguém que nos leve ao colo e nos console nos momentos mais dolorosos.Que as folhas quadriculadas não seja um espartilho para quem nelas escreve, mas orientem graficamente as frases e a lógica do pensamento. Quero dar asas à imaginação e transpor a rigidez de uma simples folha de papel para algo mais subjectivo como o sentimento e o gesto de estar a partilhar este preciso momento contigo: bloco de notas, que me acompanha nos momentos mais desesperantes, em que a urgência da escrita prevalece.

Haja o que houver

Quando ouço Madredeus penso nas horas perdidas a estudar matemática. Quando o fim seria arquitectura. Tempo de ilusão, onde nada se perdeu e tudo se transformou em algo que se perpetuou no futuro. Aversão completa aos números. Gostava de aprofundar esta relação difícil, mas acho que seria um desperdício de tempo.
A música sempre foi uma companhia nos tempos de estudante. Aliás só me conseguia concentrar ao som de algo ritmado, em que a sonoridade entra no ouvido sem pensarmos no que estamos a ouvir, a música instala-se mas não perturba, faz companhia e ajuda no raciocínio. A minha relação com a música sempre foi intensa. E ajudou-me a superar fases difíceis na minha vida. Quando ouço algo musical que me anima consigo abstrair-me e elevar-me para um sítio, que só eu conheço e onde só eu determino quem quero que faça parte deste momento.
A música pode ser uma fonte de inspiração, ao seguir um ritmo, o nosso raciocínio, por um lado segue uma determinada orientação lógica, mas por outro desvirtua-se da racionalidade para algo muito mais sobrenatural onde as emoções reinam e a sensibilidade se faz sentir.
Haja o que houver, já dizia a Teresa Salgueiro, a música perpetua-se no dia-a-dia de uma forma preponderante e afirmativa. Sendo um ingrediente fundamental para a nossa sanidade mental. Para o bem da humanidade haja música onde quer que estejamos, felizes ou tristes, que a música prevaleça!

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Missão cumprida!

A passagem por Belas Artes foi sem dúvida marcante. Uma passagem marcada pelo árduo trabalho. Trabalho inglório ou não?! Tenho as minhas dúvidas. Foi sem dúvida demorado e teve as suas consequências. Fui obrigada a crescer sem estacas e sem espartilhos. Uma rebeldia desenfreada. Cresci de uma forma onde a libertinagem reinava. Onde eu própria tinha de descobrir o rumo a seguir, ás vezes sem nenhuma orientação, entregue a mim própria. Comigo mesma descobri caminhos ainda não explorados que foram ao meu encontro.
Defini um estilo, uma maneira peculiar, crítica de ver as coisas. Reinventei-me de uma forma criativa e original. No meu trabalho era visível a minha personalidade, alucinatória e desconcertante, mas verdadeira e honesta.
Quando faço uma colagem despejo tudo o que sinto cá dentro, é uma forma de exorcismo, mas um exorcismo saudável, que nos transporta para um nível de satisfação de dever cumprido. E é essa satisfação que sinto pela passagem em Belas Artes, missão cumprida de cabeça erguida.

A redoma

Os barulhos que me cercam são constantes, gostava de ter momentos de paz. Tudo bate de uma forma que me aprisiona. Presa a mim própria vou levando a vida de uma forma egoísta. Gostava de a partilhar com as pessoas, aprender de novo o gesto nobre da partilha. Vivo dentro de mim, deixem-me sair da redoma de vidro, bato no vidro mas ninguém me acode! Realmente vivo na redoma, onde todos me podem ver mas não me podem tocar, estou farta de estar na montra. Quero saltar cá para fora e fazer parte da realidade que me cerca. Mas acho que só o consigo com ajuda. Haja uma alma caridosa que me acuda. Preciso de uma orientação concreta para o problema que me desgasta. Ajudem-me a seguir um rumo diferente na minha vida. Isto é um apelo sincero que surge com urgência. Dêem-me a mão, não quero seguir a estrada sozinha. Acho que nem tenho forças de seguir o caminho, já não preciso de uma mão, mas sim de dois braços para me levarem ao colo.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Abram alas, deixem-me passar…

Encontrar palavras para descrever o que sinto, sinto um vazio. Gostava de preencher esse vazio e é talvez a escrever. Escrever poderá ser um processo através do qual eu possa expressar o que sinto. E o que é sentir? Eu sinto tudo de uma forma que não consigo expressar, sinto-me presa a mim própria, quero libertar-me mas não consigo. O colete de forças está muito apertado desta vez. Se antes sentia as coisas de uma forma intensa, agora perdi essa faculdade. Parece-me tudo indiferente. Onde vou buscar forças para voltar a sentir, tudo perdeu sentido!
A sala de isolamento está à minha espera, eu quero ir para lá mas tenho medo de ser um caminho sem retorno.
Abram alas, deixem-me passar por aquelas portas altas, onde o tecto parece não ter fim. Os murmúrios, os gritos e a desconfiança parecem reinar de uma forma tão preponderante.
Quero chegar até mim sem interferências. Deixem-me sozinha por favor! Será que esta minha tendência para o isolamento é positiva? Há momentos na vida que só entregues a nós próprios podemos resolver os nossos problemas mais íntimos.
Abram alas, deixem-me ultrapassar o sub nível onde a ironia, o cinismo parece prevalecer, mas infelizmente é a realidade que nos cerca. Quero antes passar para um supra nível, onde ninguém poderá alcançar-me. Onde poderão ver-me mas não me poderão tocar.