domingo, 9 de dezembro de 2007

A virtude de saber ouvir

Solta no mais alto mar, num veleiro, sem destino, ando à deriva, perdida, sem saber onde é o norte, navego pela margem sem nome, onde as ondas me arrastam para o naufrágio. Será que é esse o meu destino, uma praia deserta, à beira mar desnorteada, sem saber para que lado ir. Entregue a mim própria, pois desconheço outra situação senão o contar unicamente comigo. O que já é uma garantia de sucesso, saber que se pode contar com a única pessoa que não nos desilude e é sempre fiel, a nossa identidade e saber que podemos contar connosco é uma mais valia. Por isso a viagem continua e por vezes quando encontramos um estranho e sem saber porquê desabafamos a nossa história, é alguém que nos ouve sem recriminações, simplesmente tem a capacidade que muita gente não tem, a de ouvir sem fazer uma única pergunta. Mas temos a sensação que essa pessoa está a prestar uma atenção desmesurada, por isso o nosso discurso fluí e tudo faz sentido porque o receptor é sem dúvida um bom ouvinte. Ter a capacidade de ficar calado quando a situação se proporciona, é sem dúvida uma grande virtude. Por vezes as pessoas pecam por falarem, quando a situação é inversa joga-se sempre à defesa e dificilmente alguém nos ataca.

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